Vou tirar os fios,
de uma vida em alinhavo.
Cortar as rebarbas,
os emaranhados,
jogar fora as sobras
dos tecidos,
por tudo no lixo.
Deitar-me na colcha de retalhos,
e descansar meu corpo dolorido.
Vida e colcha
se confundem
no colorido das cores primarias
e secundarias.
Nas cores fortes,
que disfarçam os buracos
e os nós sem arremates.
Disfarçam as tramas se esgarçando
nas minhas mãos,
pelo vão dos meus dedos.
A agulha traça o
seu caminho e
junto comigo vamos juntando
os pedacinhos.
Costurando o novo,
mas sempre lembrando
do antigo.