Perguntou ao bobo-da-corte:
- "Por que és tão bobo? Tens necessidade de fazeres rirem de ti os outros?"
O bobo-da-corte pôs-se a pensar demasiado e terminou por vituperar o indagante com não sei quantos impropérios. Depois, amuado, disse-lhe:
- "Minha essência é fazer os outros rirem de mim, de minhas pilhérias... Não fosse assim, bobo não seria, muito menos da corte real. Afinal, passo o dia a me dedicar esforçadamente a construir tiradas para que se riem delas. A minha profissão é ser bobo, ora pois."
O indagante, então, sorriu com afeto. - "Mas e os livros que lês tão acotiadamente? Que fazes com tanta sabedoria de que és portador?"
O bobo-da-corte continuou amofinado.
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