É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz nenhum sentido. É uma metamorfose em que perco tudo o que eu tinha, e o que eu tinha era eu - só tenho o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com os seus planetas e baratas.
[Clarisse Lispector]
Quem não sofreu essa servidão que se alimenta de imprevistos da vida, não pode imaginá-la.
Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notÃcia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso,
não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só p