Sou a passagem do tempo
no álbum de fotografia,
nos escritos esquecidos em gavetas,
nas linhas traçadas no corpo.
Sou a criança perversa,
caçador implacável de formigas.
Sou a criança calada,
Detida nos sonhos dos livros
na imaginação das sombras na parede.
Sou a criança futuro,
projetada por rabiscos em cadernos de desenho.
Sou o adolescente inquieto,
Desbravador de mares inalcançáveis,
Contestador de sentimentos plurais:
e grito e canto e berro aos surdos ditadores
as angústias e os desejos de ser
Sou a canção de Joplis, Veloso, Chico...
Os versos de Pessoa, Bandeira e Drummond...
Sou a vida em futuros sem meta
Sou o homem polido
pelos obstáculos dos