Estou sem vontade de escrever
Mas há um rumor fora da minha janela
De pessoas que passam
E que lhes oiço o passar
Apressado ou adiantado
Ou talvez demorado...
Reparo que dentro de mim
Há aquela constante do ver
Do ouvir, sem permitir
Do vento que me assobia em noites
Que me descanso.
Nada é ao acaso
Nem quando eu digo
Que não me apetece escrever
Porque há sempre uma caneta a desafiar-me
Ou uma tecla a incendiar o pulsar
De meia dúzia de palavras.
Sinto recados em mim
Em cada dia que amanhece
Recados de poesia em forma lenta
Ou sonhos em prosa que mais tarde revejo
Talvez ao jantar
Enquanto mastigo uma sandes
De qualquer coisa...
Os meus recados açoitam-me
De