Talvez eu não seja nada além que intocável fumaça no ar. Efêmera como a flor que murcha no altar. Talvez eu exista somente pelo tempo de uma oração. Alimentando-me de olhares famintos por atenção. Talvez, ao contrário, eu seja o perfume que fica quando o corpo se vai. O lÃquido preso ao copo que cai. Talvez, ainda, o vermelho da paixão. Que desbota com o tempo manchando a relação. Talvez eu me resuma ao ritmo, ao rito ou à própria oferenda. Da saia, somente a renda. Talvez, talvez, talvez. Talvez seja de tanta dúvida a própria insensatez. (Paula Taitelbaum)