Eu fui feita pra não dar certo. Pra ser leve, intensa e passageira, como uma música, e comum, feito uma bossa. O tipo de pessoa que ninguém estranharia, se te deixasse, plantado no altar. E ainda sim, me vejo mais romântica que uma foto velha do Rio de Janeiro, mais ingênua que uma radionovela dos anos 30 e mais imbecil que um poema choroso cravado na porta do banheiro feminino. Eu fui feita pra esquecer a chave, o celular, o casaco, a razão. Pra esbarrar em tudo, transformar tudo isso em charme. Fui feita pra rodar que nem pião e depois cair tonta de cansaço nos braços da vida.