(Redenção)
I
Vozes do mar, das árvores, do vento!
Quando às vezes, n'um sonho doloroso,
Me embala o vosso canto poderoso,
Eu julgo igual ao meu vosso tormento...
Verbo crepuscular e Ãntimo alento
Das cousas mudas; psalmo misterioso;
Não serás tu, queixume vaporoso,
O suspiro do mundo e o seu lamento?
Um espÃrito habita a imensidade:
Uma ânsia cruel de liberdade
Agita e abala as formas fugitivas.
E eu compreendo a vossa lÃngua estranha,
Vozes do mar, da selva, da montanha...
Almas irmãs da minha, almas cativas!
II
Não choreis, ventos, árvores e mares,
Coro antigo de vozes rumorosas,
Das vozes primitivas, dolorosas
Como um pranto de larvas tumulares..