Eu sou tudo que eu quiser ser. Eu sou antes, eu sou sempre, eu sou nunca. À duração da minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.
Sou sozinha, eu e minha liberdade. É tamanha a liberdade que se pode escandalizar um primitivo. Transfiguro a realidade e então outra realidade, sonhadora e sonâmbula, me cria.
Assim como me lanço no traço de meu desenho, este é um exercÃcio de vida sem planejamento. O mundo não tem ordem visÃvel e eu só tenho a ordem da respiração.
Deixo-me acontecer. Eu, que vivo de lado, sou à esquerda de quem