Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou costrução e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério. A quatro mãos escrevemos o roteiro
para o palco do meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério. (Lya Luft, 2004, Perdas e ganhos)