A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.
Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.
É uma carreira invisÃvel,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensÃvel
Pelo ruÃdo imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crÃvel?
Fernando Pessoa