É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar. Corro perigo como toda pessoa que vive. Não quero ter a terrÃvel limitação de quem vive apenas do que é passÃvel de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. (Fragmento de mim - Por Clarice Lispector)