O POETA É UMA BRUXA
O poeta é uma bruxa que voa pela madrugada montado em sua caneta voadora.
Do alto do céu ele tem a pretensão de se achar capaz de ver tudo.
E com o tempo o que era pretensão, o que era ilusão, vira realidade.
E o poeta é capaz de ver tudo.
Irremediavelmente o poeta é capaz de perceber e entender tudo.
Então sente medo do que pode ser visto.
Medo de ser poeta.
Pois o que vê são possibilidades de si mesmo.
A certeza de que jamais se fará ser compreendido como gostaria.
A garantia de que ele tudo pode entender sem saber do que adianta entender.
Traz um vazio ...
Vazio que cala fundo no peito.
Mas eis que de súbito o poeta se transforma