>(A procura da poesia) - Carlos Drumond de Andrade
>Não faças versos sobre acontecimentos.
>Não há criação nem morte perante a poesia.
>Diante dela, a vida é um sol estático,
>não aquece nem ilumina.
>As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
>Não faças poesias com o corpo,
>esse excelente, completo e confortável corpo, tão inofensivo à efusão
>lÃrica.
>Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
>são indiferentes.
>Nem me revele seus sentimentos,
>que se prevalecem do equÃvoco e tentam a longa viagem.
>O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
>Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
>O canto não é o movimento das maquinas